O resgate de um sobrevivente- um homem de 30 anos- retirado dos escombros, quase um mês após o terremoto, mostra o quanto em vidas humanas pode ter custado a disputa entre países pelo comando das operações no Haiti devastado. Interesses políticos acabaram levando a uma disputa cujo resultado mais imediato foi o atraso e a falta de coordenação das operações de resgate e salvamento da população castigada por um terremoto que matou mais de 150 mil pessoas e feriu outras centenas de milhares.
Primeira república negra do mundo, o Haiti tem sua histórica marcada por desastres, violências e muita pobreza. Colônia francesa, utilizado para o plantio de açúcar, o país iniciou, logo após a Revolução Francesa de 1789, sua luta pela independência, alcançada em 1804, através de uma revolução comandada por escravos.
Esta revolução acabou provocando o isolamento do Haiti pelos demais países europeus, preocupados em impedir que os ideais haitianos fossem exportados para outras colônias. Este isolamento só foi rompido em 1914, quando o país foi invadido em 1914 por tropas americanas que estabeleceu um domínio que durou até 1934. A partir da saída dos americanos o país viveu sucessivos períodos de ditaduras violentas, corrupção e conluio de seus governantes com interesses estrangeiros. Das violentas ditaduras haitianas a mais notória foi a de François Duvalier, o “Papa Doc”, sucedido por seu filho “Bay Doc”, destituído do poder em 1986, abrindo um novo período de disputas internas que levou a ONU, em 2004, a criar uma força de paz para controlar o país, sob o comando de militares brasileiros.
Este país de nove milhões de habitantes, que tem o 148º IDH mundial, e é a nação mais pobre da América Latina, vive, desde então, tentando controlar a violência interna e conciliar seus grupos políticos, buscando a paz interna que permita ao seu povo- mais da metade analfabeta- iniciar um processo de crescimento.
No meio deste esforço o Haiti foi atingido pelo maior terremoto de sua história- o país é constantemente atingido por tremores, furacões e tufões cor causa de sua posição geográfica. Para agravar sua desesperadora situação, a população haitiana está agora no meio de uma briga política, na qual o Brasil é protagonista, envolvendo países latino americanos que acusam os Estados Unidos de tentarem dominar o país, aproveitando-se do desastre.
Enquanto se faz do Haiti centro de uma disputa antiamericana, vidas deixam de ser salvas e novos crimes, como a tentativa de levar ilegalmente crianças para os Estados Unidos, são cometidos por uma população mergulhada na miséria e no caos social.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
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